Apesar de ter a terceira menor incidência de Covid-19 no Brasil, de 111 a cada milhão de habitantes, Minas Gerais é o terceiro estado com maior número de internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), pouco mais de 5 mil casos. A SRAG engloba várias doenças e pode ser a manifestação mais grave do novo coronavírus, que é quando o paciente apresenta dificuldades respiratórias. As informações foram divulgadas no Painel Coronavírus nesta segunda-feira (4) pelo Ministério da Saúde.
Até esta segunda, o número de internações em Minas Gerais por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) chegava a 5.188 casos, segundo o Ministério. O estado perde apenas para São Paulo, com 33.768 internações e Rio de Janeiro, com 6.449 internações. Pacientes que desenvolvem a SRAG são aqueles que têm quadro mais grave de coronavírus, por exemplo. O que, felizmente, é a menor parte dos casos, lembra a infectologista Cláudia Murta.
“Mas a Síndrome Respiratória Aguda Grave engloba várias outras situações que apresentam dificuldade respiratória, não só Covid-19. Pneumonia também pode ser classificada como Síndrome Respiratória Aguda Grave”, explicou a médica.
A Secretaria de Estado de Saúde confirma que houve aumento de casos de internações de 517%, comparando-se o ano passado com este ano, mas nega que tenha ocorrido sobrecarga no sistema de saúde. Segundo última atualização da ocupação de leitos, fornecida pela pasta na última quarta-feira (29), a taxa era de 59% tanto de leitos clínicos quanto de leitos de UTI. Após esta data, mesmo solicitada, a Secretaria não informou a situação atualizada das internações hospitalares.
Ainda segundo a Secretaria, desde o dia 20 de março, quando foi divulgado pelo Ministério da Saúde que a transmissão da Covid-19 é comunitária, ou seja, já acontece dentro do território nacional, qualquer caso de SRAG é tratado como caso suspeito de coronavírus. Entretanto, só passarão pelos exames para diagnóstico da doença profissionais de saúde e casos de internação graves.
Terceiro estado com menor incidência de Covid-19
Nesta segunda-feira (4), Minas Gerais confirmou 2.347 casos do novo coronavírus, uma incidência aproximada de 111 a cada um milhão de habitantes. O estado perde apenas para Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, ambos com incidência de 99 casos por um milhão de habitantes, segundo o Ministério da Saúde.
No Sudeste, as maiores incidências são em São Paulo, de 701 por um milhão de habitantes, e no Rio de Janeiro, de 679 por um milhão de habitantes. Mas, no Brasil, os recordistas são Amapá, com a incidência de 2.049 e Amazonas, com 1.764, por milhão de habitantes.
A infectologista Cláudia Murta lembra que o isolamento social, associado ao uso de máscara e higiene correta das mãos são as formas mais eficazes de se prevenir contra a doença. Mesmo a evolução da Covid-19 tendo sido mais branda em Minas, ela lembra que a retomada das atividades econômicas de forma segura depende de estudos e análises por parte das autoridades de saúde.
“Tem muita gente pensando em como diminuir o isolamento, em como voltar às atividades. Mas isso depende de estudos e de avaliações das autoridades sanitárias. Não tem como falar quando vai ser. E, depois que começar o relaxamento, se não der certo, é pisar no freio de novo e voltar atrás”, comentou.
Indicativo de subnotificação
Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostra um aumento expressivo nas internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) neste ano no Brasil em comparação com a média dos últimos dez anos.
Esses dados, de acordo com a Fiocruz, infectologistas, epidemiologistas e outros especialistas ouvidos pelo G1, indicam uma subnotificação dos casos da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus Sars-CoV-2.
Na contagem da Fiocruz até 4 de abril deste ano, o Brasil teve 33,5 mil internações por SRAG, muito acima da média desde 2010, de 3,9 mil casos. Mesmo em 2016, quando houve um surto de H1N1, foram registrados 10,4 mil casos no mesmo período do ano.
“O número de casos está muito alto. Completamente fora do padrão”, afirma Marcelo Gomes, coordenador do Infogripe, da Fiocruz.
Os motivos, segundo ele, são:
- Há mais hospitalizações em decorrência da Covid-19;
- E a velocidade com que o vírus se espalha é maior que em anos anteriores (há uma “maior rapidez de disseminação”)