Sem
No final de uma cimeira informal, sexta-feira, em Bruxelas, o presidente do Conselho Europeu aconselhou o governo de Londres a ser mais razoável.
“Obviamente fico satisfeito que o governo do Reino Unido esteja a avançar para uma posição mais detalhada. Contudo, se os relatos na imprensa estiverem corretos, temo que a posição do Reino Unido se baseie numa pura ilusão. Não pode escolher só o que lhe apetece e não há mercado único a la carte”, disse Donald Tusk, em conferência de imprensa.
Tusk vai reunir-se com a primeira-ministra britânica, Theresa May, na próxima quinta-feira, um dia antes de esta anunciar qual é o modelo de relação comercial que quer para as duas partes.
O governo de Londres diz que quer deixar o mercado único e a união aduaneira, acabar com a liberdade de circulação e a jurisdição do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos. Ao mesmo tempo, Theresa May quer negociar um acordo que reduza, tanto quanto possível, os direitos aduaneiros e os procedimentos administrativos.
O negociador principal do Brexit pela União Europeia, Michel Barnier, já alertou que os controles nas fronteiras seriam “inevitáveis” se o Reino Unido deixar o mercado único e a união aduaneira.
Londres não pode escolher só o que lhe apetece e não há mercado único a la carte (Donald Tusk – Presidente do Conselho Europeu)
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, deve dar as orientações das deliberações sobre as futuras relações, numa cimeira europeia de 22 e 23 de março, e as negociações começarão em abril.
Outras consequências do Brexit também estiveram em cima da mesa da cimeira informal, nomeadamente sobre como compensar os 10 mil milhões de euros anuais que o Reino Unido deixará de contribuir para o orçamento comunitário.
“Se não reduzimos as verbas que são utilizadas nas políticas de coesão e na agricultura, que são setores que representam 70% do orçamento europeu, vamos ter que reduzir as outras políticas em 45%”, avisou Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia.
Os países estão ainda muito divididos sobre se aumentarão as contribuições e admitem criar novos impostos europeus. Portugal admite aumentar a contribuição, mas está totalmente contra cortes naqueles dois fundos comunitários.
Já na área da reforma institucional, houve total consenso na recusa de que o próximo presidente da Comissão Europeia seja automaticamente escolhido com base em cabeças-de-lista de grupos políticos europeus para as eleições europeias de 2019, nas quais já não participará o Reino Unido.
A proposta é do Parlamento Europeu, que ameaça vetar qualquer candidato que não seja escolhido com base nesse sistema, experimentado em 2014 mas que não consta do Tratado de Lisboa. (EuroNews)