Lionel Messi disputa nesta terça-feira (13), diante da Croácia, às 16h (de Brasília), no Lusail Stadium, sua segunda semifinal de Copa do Mundo, e este pode ser o penúltimo passo para que ele tenha papel decisivo para se encerrar de vez a pretensão argentina de que “Maradona és más grande que Pelé”.
Simplesmente porque se levantar a taça no Catar, Messi será maior do que Maradona. Comparar épocas em futebol é muito complicado, mas o fator mais utilizado nesses casos é o currículo, pois genialidade não tem medida, embora a discussão seja em relação ao dois gênios.
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Messi se iguala a Batistuta como maior artilheiro da Argentina em Copas do Mundo
E sendo campeão no Lusail Stadium, no próximo domingo (18), o currículo do atual camisa 10 da Argentina será igual ao de D10s em Mundiais, mas com marcas muito mais significativas com a camisa albiceleste.
E se Messi tem a chance de se tornar maior do que Maradona, comprar o ídolo maior dos argentinos com Pelé irá se tornar praticamente uma lenda, embora já esteja bem próximo disso independentemente do desempenho argentino no Catar.
Números
Diego Maradona tem quatro Copas do Mundo no currículo. Venceu a de 1986, no México, com uma das maiores atuações individuais de um jogador na história do torneio, e foi vice em 1990, na Itália, sem o mesmo brilho de quatro anos antes, mas ainda com o comando do grupo.
Messi foi vice em 2014, no Brasil, diante da mesma Alemanha que El Pibe de Oro venceu na decisão de 1986 e foi derrotado em 1990.
Se levanta a taça no Catar no próximo domingo (18), iguala a história de Maradona em Copas do Mundo no que se refere a colocação final.
Aí entram os números com a camisa 10 albiceleste. E todos eles estão ao lado do craque do Paris Saint-Germain, da França.
Messi é o maior artilheiro da seleção argentina, com 95 gols em 170 jogos, média de 0,55.
Neste ranking, Maradona, com 34 gols em 91 partidas, média de 0,37, é apenas o quinto colocado. Antes dele aparecem Gabriel Batistuta (54 gols e 0,70 de média), Sergio Agüero (41 e 0,40) e Hernán Crespo (35 e 0,54).
Em Copas, Messi tem a chance, com mais um gol, de também se isolar num ranking em que divide o primeiro posto com Batistuta, com dez gols, cada.
A média de Batistuta, de 0,83, pois balançou a rede dez vezes em 12 partidas, é mais do que o dobro da alcançada por Messi, até agora 0,41.
Mas o atual camisa 10 tem números superiores aos de Maradona, que fez oito gols nas 21 partidas que disputou em Mundiais, o que dá uma média de 0,38.
Há ainda a Copa América, que Maradona nunca venceu. Em 2021, Messi quebrou a “maldição” de 16 anos vestindo a albiceleste sem ganhar uma taça oficial, pois foi campeão mundial sub-20, em 2005, ano da sua estreia na equipe principal, e em 2008 ganhou a Medalha de Ouro nos Jogos de Pequim.
Contexto
Outro ponto que não pode deixar de ser destacado é o cenário do futebol nas respectivas épocas dos dois craques argentinos. A carreira de Maradona foi toda construída entre 1976 e 1997, sem o impacto da chamada “Lei Bosman” que entrou em vigor na Europa na temporada 1996/1997.
Na prática, uma batalha do jogador belga que queria deixar seu clube, o RFC Liège, após o término do seu contrato, para defender o Dunkerke, da segunda divisão da França, acabou por mudar a história do futebol após a principal batalha jurídica do esporte mais popular do planeta.
No Tribunal de Justiça da União Europeia ele conseguiu não só acabar com a chamada “Lei do Passe” no Velho Mundo, mas também com o limite de estrangeiros nos clubes do continente, que já vivia sob única moeda (Euro) e “sem fronteiras”.
Isso abriu de forma totalmente diferente ao que se tinha até então as portas do futebol europeu para os craques sul-americanos. Os clubes podiam escalar três estrangeiros por partida, e não só não eram estrangeiros os atletas nascidos no país do clube.
Os europeus deixaram de entrar nessa conta. Os atletas de outro continente, que se naturalizassem por terem descendência europeia, também não.
Em 1986, no México, a seleção argentina tinha 17 dos 22 campeões atuando no país. Os cinco estrangeiros eram Zelada, goleiro do América (MEX); Burruchaga, meia do Nantes, da França; Valdano, atacante do Real Madrid, da Espanha; Pasculli, atacante do Lecce, da Itália; e Maradona, do também italiano Napoli.
Isso aumentava a força das seleções sul-americanas, pois os período de treinamento eram muito maiores, fruto de um calendário menos apertado e maior proximidade entre as bases das equipes, pois os atletas, em sua maioria, atuavam no próprio país.
Se a Argentina levantar a taça no próximo domingo, será com um grupo que tem 25 dos 26 jogadores atuando no futebol europeu. O único que joga no próprio país é o goleiro reserva Armani, que defende o River Plate.
Este distanciamento não afeta a relação dos argentinos com sua seleção e a entrega do time de Lionel Scaloni nas partidas desta Copa do Catar é prova disso. Mas dificulta o trabalho, sem dúvida, e este é mais um ponto a favor de Messi, que no próximo domingo pode superar Maradona se assim como D10s erguer a Copa do Mundo encerrando um jejum de 36 anos da albiceleste. De quebra, ele ainda produzirá mais uma prova do absurdo de se imaginar que “Maradona és más grande que Pelé”.
Fonte: Rádio Itatiaia