Mano Menezes não é mais o técnico do Cruzeiro. O anúncio foi feito pelo próprio treinador no fim da noite desta quarta-feira em entrevista coletiva no Mineirão, ao lado do gerente de futebol, Marcone Barbosa, e do diretor de futebol, Marcelo Djian, após a derrota por 1 a 0 para o Internacional, pelo duelo de ida das semifinais da Copa do Brasil. Em crise, o time celeste não vence e não marca gol há oito jogos. Nas últimas 18 partidas, a equipe conquistou apenas uma vitória.
“Gostaria juntamente com Marcone e Marcelo comunicar oficialmente que a gente interrompe o trabalho à frente do Cruzeiro nesta noite porque a gente entendeu que este era o momento de fazer isso. Não poderíamos estender mais essa fase difícil, muito mais do que uma fase difícil que o Cruzeiro vem atravessando. São 18 jogos e uma vitória. No futebol isso não se sustenta”, declarou o treinador. De acordo com Marcelo Djian, a decisão pela saída de Mano foi tomada em conjunto com a diretoria.
Devido à má fase do time, parte da torcida perdeu a paciência e vaiou o treinador durante a partida contra o Inter nesta quarta-feira. Nos minutos finais do jogo, quando os torcedores xingavam, Mano se virou para as arquibancadas e mostrou o polegar fazendo o sinal de ‘joia’. Eliminado nas oitavas de final da Libertadores, o time está na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro, em 18º lugar, com dez pontos.
No cargo há três anos e 12 dias, Mano era o técnico mais longevo da Série A do Campeonato Brasileiro. No clube, o treinador conquistou quatro títulos: duas Copas do Brasil (2017 e 2018) e dois Campeonatos Mineiros (2018 e 2019).
Somando as duas passagens pelo Cruzeiro – a primeira foi em 2015 –, Mano Menezes ficou à frente da equipe em 235 jogos. Foram 112 vitórias, 69 empates e 54 derrotas (aproveitamento de 57,4%).
Ainda não há um nome para substituir Mano Menezes. Na partida contra o Avaí, no próximo domingo, às 16h, na Ressacada, pelo Campeonato Brasileiro, o Cruzeiro será comandado por um técnico interino a ser definido pela diretoria. “Não estávamos pensando em acabar agora, mas é lógico que será um treinador interino. Não sei se será um auxiliar ou o treinador do sub-20 que dirigirá o time em Santa Catarina”, disse Marcelo Djian.
PARTIDA
Os times começaram com respeito mútuo. As defesas, bem postadas, conseguiram parar os ataques com certa facilidade. Para um duelo de semifinal de um torneio nacional, os primeiros 45 minutos foram decepcionantes.
O destaque do lado gaúcho foi o volante Edenílson, ao esbanjar preparo físico, o que deu mobilidade para a equipe do técnico Odair Hellmann. Com isso, o Inter chegou com mais facilidade na área de Fábio.
Muito bem armado taticamente, o Inter concentrou a marcação sobre o hábil e veloz Pedro Rocha. Em pelo menos duas oportunidades, a defesa gaúcha disponibilizou três jogadores para parar o atacante mineiro.
Na frente, Rafael Sóbis foi importante com sua experiência para segurar a bola e iniciar as jogadas. Na melhor delas, Guerrero encontrou Uendel pela esquerda. O lateral cruzou bem, mas Dodô salvou, aos 41 minutos.
O Cruzeiro sofreu com a lentidão de Henrique e Ariel Cabral. Thiago Neves ficou isolado perto da área, mas não conseguiu municiar Pedro Rocha e Sassá. A alternativa de Mano Menezes foi abusar das bolas alçadas na área. Sassá conseguiu levar perigo duas vezes, mas errou na finalização em ambas.
No setor defensivo, Dedé pareceu nervoso, principalmente depois de levar o cartão amarelo, aos 14 minutos, após uma falta em Rafael Sóbis. Os laterais Orejuela e Dodô sofreram com as investidas da equipe gaúcha.
O segundo tempo começou em ritmo acelerado. E por causa do Cruzeiro, que se apresentou com postura muito mais ofensiva. A marcação mineira passou a ser intensa no campo do adversário.
Logo a um minuto, Thiago Neves surgiu livre na área, mas chutou para fora. Aos cinco, Sassá foi travado por Victor Cuesta. Aos 13, Henrique arriscou de longe e Marcelo Lomba fez boa defesa. O desempenho mineiro só não foi melhor porque Thiago Neves não esteve em uma noite inspirada.
O Inter, se não fosse um chute de Patrick, que desviou na zaga, teria passado todos os dez primeiros minutos da etapa final em seu campo. Percebendo tanta dificuldade da equipe, Hellmann trocou Nico López por Wellington Silva. O time ganhou mais presença pelo lado direito do ataque.
Mano Menezes também mudou o Cruzeiro. Apesar de todo o esforço, Sassá acabou substituído por Fred, que carregava um jejum de 15 jogos, apesar de ser o artilheiro do time na temporada, com 16 gols.
Mas quem quase abriu o placar foi o Inter, com duas chances em um minuto. Na primeira, Wellington Silva tabelou com Edenílson e bateu forte para grande defesa de Fábio. Na jogada seguinte, Patrick cruzou e Guerrero desviou em nova intervenção do goleiro do Cruzeiro.
O gol estava maduro e saiu aos 30 minutos. Guerrero bateu bem uma falta da intermediária. Fabio fez grande defesa, mas Edenílson surgiu como um raio para fazer 1 a 0, para delírio dos cerca de dois mil colorados no Mineirão.
O gol acabou com a confiança do Cruzeiro, que, nervoso, não conseguiu armar mais nenhuma jogada. O único lance de perigo surgiu aos 44 minutos, após chute de longa distância de Pedro Rocha. O Inter soube se fechar e segurar a posse de bola para garantir um grande resultado.